Desde o princípio das redes sociais que há pessoas a deixar o ecossistema digital por variados motivos: auto-estima, ansiedade, adição e cansaço; ou porque casaram, entraram numa relação ou separaram-se.
Saí do twitter e facebook no inicio do ano. Do instagram apaguei a app no telemovel mas infelizmente nao posso bater difinitivamente com a porta. Muito do meu trabalho ainda acontece ali. No entanto nao planeio voltar a postar por lá… a nao ser talvez para dizer que vim embora para aqui (se me decidir a tornar isto um sitio em que publico algo regularmente).
As redes sociais trouxeram-me muitas coisas boas principalmente quando resolvi vir para o outro lado do mundo… a proximidade que foram criando entre amigos e familia que estavam a meio globo de distância foi muitas vezes reconfortante. Em determinado momento também descobri muita música, leitura, fotografia e arte no geral, no instagram. Nos ultimos tempos, no entanto, e mesmo antes de os broligarcas, donos das redes, se assumirem tao abertamente como isso mesmo, o instagram e o X tornaram-se espaços que já sentia hostis… o negativo que traziam, a clara construção para a adiçao, o post como isco de raiva traziam-me pouquissimo de bom mas muita ansiedade. A eleição de Trump e o assumir de uma nova ordem mundial abertamente gananciosa e sedenta não só do nosso dinheiro mas também da nossa atenção e consternação foram a gota de água.
Pertinente reflexão. Eu saí definitivamente do X e, embora não tenha eliminado mais nenhuma conta noutra rede social, tenho dado por mim cada vez mais aqui em vez de em vez qualquer outra plataforma.
Atenção que o Substack também não é livre de problemas: à falta de uma política de moderação de conteúdo, publica e lucra com conteúdos de ideologias extremistas (em alguns casos, abertamente Nazi), sendo que estes conteúdos/publicações podem ser promovidos de diversas formas. E há alternativas: o Ghost, plataforma open-source e sem fins lucrativos.
De acordo Dinis, mas o meu texto não é pro-Substack ou Bluesky (onde tenho conta mas ainda estou inactivo). É sobretudo sobre o dilema entre estar num sítio inóspito que nos é familiar ou arriscar o salto no vazio. Sobre o Substack, encontrei uma plataforma onde me posso expressar como já não me sentia estimulado nas redes principais, e uma comunidade com ideais semelhantes aos meus (o que é diferente de ter as mesmas opiniōes). Já tinha lido sobre a questão do nazismo, e é terreno movediço, claro. Vou espreitar o Ghost. Obrigado pelas recomendaçōes
Fico com a sensação que esta temática anda pelo consciente coletivo. Talvez em certas camadas mais conscientes, como referes. Mas é importante que esta consciência se materialize em mudança: nos hábitos de consumo digital, da dependência de picos de dopamina através de ecrãs. Acho que devemos escrever sobre isto e, quiçá, inspirar pessoas a mudar padrões. Como pai, este tema apoquenta-me e incentiva-me a querer ser a mudança que quero ver no mundo. Obrigado por este texto, Davide.
Obrigado João. A realidade como a vemos hoje vai alterar-se. Não acredito no fim das redes, duvido de uma deserção em massa, mas acho que vai haver muita gente a assumir o estrago na relação e bater com a porta. Claro que o problema começa pela falta de regulação mas aí, já é tarde demais. Até porque os tiranos já tem as chaves e o edifício.
Imagino isto tudo das redes como um grande iceberg à deriva, sendo que os utilizadores são todos pinguins e não orcas ou ursos polares. É pessimista eu sei, mas esta história dos ciclos teima em ser regra. Partilhei um artigo extenso que descreve isso dos ciclos. De certa forma vale para muitos tipos de ciclos. Mas é importante cultivar a esperança sempre que possível.
Exactamente, revivemos o mesmo hedonismo de há 100, as mesmas ré-evoluções, sendo que o paradigma dos intervenientes vai alterando. Isto visto do espaço é tremendo.
Saí do twitter e facebook no inicio do ano. Do instagram apaguei a app no telemovel mas infelizmente nao posso bater difinitivamente com a porta. Muito do meu trabalho ainda acontece ali. No entanto nao planeio voltar a postar por lá… a nao ser talvez para dizer que vim embora para aqui (se me decidir a tornar isto um sitio em que publico algo regularmente).
As redes sociais trouxeram-me muitas coisas boas principalmente quando resolvi vir para o outro lado do mundo… a proximidade que foram criando entre amigos e familia que estavam a meio globo de distância foi muitas vezes reconfortante. Em determinado momento também descobri muita música, leitura, fotografia e arte no geral, no instagram. Nos ultimos tempos, no entanto, e mesmo antes de os broligarcas, donos das redes, se assumirem tao abertamente como isso mesmo, o instagram e o X tornaram-se espaços que já sentia hostis… o negativo que traziam, a clara construção para a adiçao, o post como isco de raiva traziam-me pouquissimo de bom mas muita ansiedade. A eleição de Trump e o assumir de uma nova ordem mundial abertamente gananciosa e sedenta não só do nosso dinheiro mas também da nossa atenção e consternação foram a gota de água.
Estou segura que conseguimos melhor.
Só por este comentário já valeram a pena todos os rascunhos do texto.
Pertinente reflexão. Eu saí definitivamente do X e, embora não tenha eliminado mais nenhuma conta noutra rede social, tenho dado por mim cada vez mais aqui em vez de em vez qualquer outra plataforma.
Atenção que o Substack também não é livre de problemas: à falta de uma política de moderação de conteúdo, publica e lucra com conteúdos de ideologias extremistas (em alguns casos, abertamente Nazi), sendo que estes conteúdos/publicações podem ser promovidos de diversas formas. E há alternativas: o Ghost, plataforma open-source e sem fins lucrativos.
Recomendo um artigo do The Atlantic sobre o tema (https://www.theatlantic.com/ideas/archive/2023/11/substack-extremism-nazi-white-supremacy-newsletters/676156/) e o texto do Casey Newton, jornalista de tecnologia, que trocou o Substack precisamente pelo Ghost (https://www.platformer.news/why-platformer-is-leaving-substack/).
De acordo Dinis, mas o meu texto não é pro-Substack ou Bluesky (onde tenho conta mas ainda estou inactivo). É sobretudo sobre o dilema entre estar num sítio inóspito que nos é familiar ou arriscar o salto no vazio. Sobre o Substack, encontrei uma plataforma onde me posso expressar como já não me sentia estimulado nas redes principais, e uma comunidade com ideais semelhantes aos meus (o que é diferente de ter as mesmas opiniōes). Já tinha lido sobre a questão do nazismo, e é terreno movediço, claro. Vou espreitar o Ghost. Obrigado pelas recomendaçōes
Fico com a sensação que esta temática anda pelo consciente coletivo. Talvez em certas camadas mais conscientes, como referes. Mas é importante que esta consciência se materialize em mudança: nos hábitos de consumo digital, da dependência de picos de dopamina através de ecrãs. Acho que devemos escrever sobre isto e, quiçá, inspirar pessoas a mudar padrões. Como pai, este tema apoquenta-me e incentiva-me a querer ser a mudança que quero ver no mundo. Obrigado por este texto, Davide.
Obrigado João. A realidade como a vemos hoje vai alterar-se. Não acredito no fim das redes, duvido de uma deserção em massa, mas acho que vai haver muita gente a assumir o estrago na relação e bater com a porta. Claro que o problema começa pela falta de regulação mas aí, já é tarde demais. Até porque os tiranos já tem as chaves e o edifício.
Já saí. Deixar de publicar nas redes foi uma das minhas resoluções de ano novo para 2025. Não me arrependo.
E nem por isso deixo de acompanhar os comentários no Substack e na RTP :)
Ainda não apaguei os perfis, mas talvez lá chegue um dia.
Imagino isto tudo das redes como um grande iceberg à deriva, sendo que os utilizadores são todos pinguins e não orcas ou ursos polares. É pessimista eu sei, mas esta história dos ciclos teima em ser regra. Partilhei um artigo extenso que descreve isso dos ciclos. De certa forma vale para muitos tipos de ciclos. Mas é importante cultivar a esperança sempre que possível.
Ciclos, tal e qual o do Chaplin na fábrica. Revejo-me completamente na imagem da primeira frase. É preciso que tudo mude para que fique na mesma.
Exactamente, revivemos o mesmo hedonismo de há 100, as mesmas ré-evoluções, sendo que o paradigma dos intervenientes vai alterando. Isto visto do espaço é tremendo.