2 Comentários

Muita ambiguidade e suposta argumentação para dizer : "A música de José Pinhal era má, sempre foi má e não há amnistia papal que a salve." Como se uma opinião fosse um facto e a música tivesse apenas uma dimensão estética. Quer queiramos quer não, o estilo e maneira de ser é um retrato de uma das faces portuguesas, um país com pessoas de origem humilde que podem cantar porque gostam e até fazer algum dinheiro com isso. Na animação existe entretenimento. O elitismo que fique para os de sangue azul ou para os eruditos que ficam paralisados com a teoria e com referências que apenas dizem aos mesmos. É preciso tudo e há espaço para todos. Como ele há tantos outros e é excusado pensar que isto ofusca os restantes só porque teve os seus minutos de fama. A internet veio a desenterrá-lo como muitos outros mas isto tudo aparenta ser recente quando não o é e tornar este suposto fenómeno em algo que não é assim tão grande, é também um problema da rede, o foco em casos isolados que preenchem a necessidade de uma pesquisa mais profunda. Vejamos como um reflexo social e cultural de Portugal e que isto tudo tem uma ordem de acontecimentos. Corona, Chico da Tina e agora Mafama, geograficamente e temporalmente, surgem em contextos e intenções diferentes apesar de todos serem portugueses e poderem beber do mesmo. Nunca se tratou de ser bom ou mau musicalmente porque isso é altamente subjetivo e individual até porque a música asssume várias dimensões e contextos e quem escreve sobre música deveria pelo menos ter isso em consideração. As referências aqui expostas fazem parte da descoberta de artistas online e como José Pinhal existem tantos outros mais que nem foram sequer digitalizados nem se encontram em feiras de vinil. Falou-se do fenómeno mas depois "assemelha-se mais a uma forma perfumada de emancipação social de pequenos grupos formados em bolsas circulares de privilégio do que a uma redescoberta cultural sincera de um passado subestimado. " Denota-se uma perspetiva fechada sobre um assunto que estes grupos pouco o nada contribuem e que nem merecem ser mencionados num artigo que visa questionar e até contrariar o fenómeno como a tal "redescoberta cultural sincera de um passado subestimado" e que existe fora desses grupos. E não é por uma questão de idade mas sim por fervor à música para além daquilo que nos dizem que "é que é bom", independentemente de quem. "bigode de caldo verde e cabelo à profjam ", "José Cid os seus álbuns pretensiosos... e arranjos duvidosos são tentativas de humor que sabem a pouco pelo viés. Uma das falhas da cultura "hipster" e suposta valorização do fenómeno e de si através de ícones que oferecem o suposto "estatuto social e cultural" é que esses mesmos ícones e cultos são formados por pessoas que acreditam verdadeiramente naquilo que valorizam e NÃO porque alguém lhes disse que aquilo é que é bom. Por isso é que nunca irão compreender a sua essência, e até em alguns casos se degeneram pela sua apropriação. Não que percam valor mas não o conseguem atribuir. São todos bem-vindos isso nunca foi problema; se vêm para valorizar como quem valoriza. Mas entraram e querem barrar tantos outros quando só estão lá por razões duvidosas e que pouco ou nada tem haver com a arte em si, apenas com o seu estatuto, que é muitas vezes de ícone.

Expand full comment

A Internet veio reciclar uma data de "coisas" esquecidas e dar voz a muitos, que há 30 anos nem sequer num karaoke teriam lugar.

Também é um facto que as novas gerações não têm nada de novo na música há muito e a reciclagem está na moda (lembram-se do fenómeno Rockabilly, em Portugal, nos finais dos anos 80 início de 90?).

Expand full comment