Davide, sigo o Valete desde o primeiro álbum. Acompanho a carreira e activismo do dele há muitos anos, e esta foi das entrevistas mais interessantes e menos "chapa cinco" com ele. Muito bom, tocas em questões pertinentes que deram respostas bem conseguidas. Obrigado por isto!
Muito obrigado João :) Penso que para isso conta muito o ter feito esta entrevista sem motivos de agenda, aliás só soube do novo single quando comecei a conversa. Deixa-me que te diga também que seguramente já fiz entrevistas "chapa cinco", quando estava no jornalismo. O entupimento com informação (PRs, outras entrevistas, etc.) nem sempre é fácil de contornar, sobretudo quando há pouco tempo para preparar as entrevistas com calma porque há mil assuntos a correr em paralelo.
Imagino que o jornalismo dos media convencionais implique esse tipo de sacrifícios na qualidade, tenho assistido a essa cultura do clique nos últimos anos. Não obstante, continua a ser uma entrevista bem conseguida e fico feliz que tenhas a liberdade para a fazer da maneira que achas melhor.
Gostei mesmo muito desta entrevista. Não oiço rap por aí e além mas lembro-me de ter uns 16 anos e ouvir muito Valete e Sam the Kid no carro de um colega. Eu e ele estávamos a participar num programa de Verão, abríamos as portas das igrejas de Tavira por uma ninharia e, como era mais velho e já conduzia, às vezes apanhava boleia com ele. Não me lembro como se chamava mas lembro-me desses momentos a ouvir hip-hop com alguma nostalgia!
Obrigado Raquel :) Devemos ter idades parecidas. Já ouvia rap em Almada desde os meus 12/13, ainda nos anos 90, mas o entusiasmo pelo "rap tuga" recrudesce a partir do início dos 2000 quando surgem Valete, Sam The Kid, Chullage...A minha primeira crítica publicada foi ao Educação Visual do Valete em 2003 na Rocksound. Em 2006, já no DN, fui ao quarto mágico do Sam The Kid entrevistá-lo e até hoje mantemos uma relação. Boas memórias mas o jogo nunca parou :)
Eu nasci em 1995, por isso acho que tens uns anos a mais. Mas vou ver se encontro esses teus trabalhos para ler, especialmente mais entrevistas. Acho que é preciso ser muito bom jornalista (e um bocadinho de sorte com o entrevistado) para desencantar boas conversas como esta!
Entrevista muito interessante, Davide. Li nos comentários que começaste a ouvir hip hop em Almada. Também sou Almadense e, como rito de passagem desta infância suburbana, tenho presente na minha memória o dia em que, no recreio, alguém pôs a tocar precisamente a Roleta Russa do Valete :)
Foi muito interessante o ponto que fizeram sobre o Plutónio mas, se me permites a provocação, até porque não estou dentro do meio e não quero desfazer os méritos da música do Plutónio, a ascensão dele não poderá ter sido ajudada pelo facto de alguns humoristas, em especial o Pedro Teixeira da Mota, serem fãs e acabarem por "promover" o Plutónio e a sua música? Foi merecido, isso que fique claro, mas acho irónico que acabou por ser alguém da tal classe média-alta/alta a popularizar o artista ou, pelo menos, a ajudá-lo a chegar a um público mais mainstream. De cabeça, recordo também a ascensão meteórica dos Wet Bed Gang com a sua Devia Ir. Acabaram por ser artistas queridinhos dos "betos", ou foi com essa impressão que fui ficando.
Um abraço e hei-de ler a segunda parte da entrevista!
Obrigado Rafaela :) É verdade, cresci em Almada numa mescla cultural de rap, rock, electrónica, brancos, afrodescendentes, pessoal sem dinheiro para os livros escolares e betos que faziam férias na neve. Ainda vivo por cá. Essa descrição leva-me para um episódio do final da minha adolescência, algures em 2001, quando andava numa Anselmo muito branca e conservadora, e à porta da escola alguém ouvia o Não Percebes do Sam The Kid, provavelmente por influência do Sol Música. Quando da massificação do hip-hop português, mais de uma década depois, lembrei-me várias vezes desse episódio.
Quanto ao Plutónio, em parte concordo contigo. O PTM é da mesma agência do Plutónio (Bridgetown) e até rebentou antes, mas também acho que se deveu a um tipo de rap mais racional, melódico e radiofónico. Devemos chamar-lhe algoritmificado? E sim, foi esse público que conquistou, embora esse seja o novo-normal - o efeito repete-se com todos, desde o Slow J ao Bispo, Ivandro, Dillaz, WBG, etc., porque verdadeiramente essa é a "pop portuguesa" do século digital, tal como as Tinocos e Deslandes.
Espero que gostes da segunda parte. É mais política.
Davide, sigo o Valete desde o primeiro álbum. Acompanho a carreira e activismo do dele há muitos anos, e esta foi das entrevistas mais interessantes e menos "chapa cinco" com ele. Muito bom, tocas em questões pertinentes que deram respostas bem conseguidas. Obrigado por isto!
Muito obrigado João :) Penso que para isso conta muito o ter feito esta entrevista sem motivos de agenda, aliás só soube do novo single quando comecei a conversa. Deixa-me que te diga também que seguramente já fiz entrevistas "chapa cinco", quando estava no jornalismo. O entupimento com informação (PRs, outras entrevistas, etc.) nem sempre é fácil de contornar, sobretudo quando há pouco tempo para preparar as entrevistas com calma porque há mil assuntos a correr em paralelo.
Imagino que o jornalismo dos media convencionais implique esse tipo de sacrifícios na qualidade, tenho assistido a essa cultura do clique nos últimos anos. Não obstante, continua a ser uma entrevista bem conseguida e fico feliz que tenhas a liberdade para a fazer da maneira que achas melhor.
Gostei mesmo muito desta entrevista. Não oiço rap por aí e além mas lembro-me de ter uns 16 anos e ouvir muito Valete e Sam the Kid no carro de um colega. Eu e ele estávamos a participar num programa de Verão, abríamos as portas das igrejas de Tavira por uma ninharia e, como era mais velho e já conduzia, às vezes apanhava boleia com ele. Não me lembro como se chamava mas lembro-me desses momentos a ouvir hip-hop com alguma nostalgia!
Obrigado Raquel :) Devemos ter idades parecidas. Já ouvia rap em Almada desde os meus 12/13, ainda nos anos 90, mas o entusiasmo pelo "rap tuga" recrudesce a partir do início dos 2000 quando surgem Valete, Sam The Kid, Chullage...A minha primeira crítica publicada foi ao Educação Visual do Valete em 2003 na Rocksound. Em 2006, já no DN, fui ao quarto mágico do Sam The Kid entrevistá-lo e até hoje mantemos uma relação. Boas memórias mas o jogo nunca parou :)
Eu nasci em 1995, por isso acho que tens uns anos a mais. Mas vou ver se encontro esses teus trabalhos para ler, especialmente mais entrevistas. Acho que é preciso ser muito bom jornalista (e um bocadinho de sorte com o entrevistado) para desencantar boas conversas como esta!
Essas entrevistas e resenhas não estão online, infelizmente, mas parte da conversa com o Sam foi citada aqui: https://retropolitano.substack.com/p/sam-the-kid-praticamente
Entrevista muito interessante, Davide. Li nos comentários que começaste a ouvir hip hop em Almada. Também sou Almadense e, como rito de passagem desta infância suburbana, tenho presente na minha memória o dia em que, no recreio, alguém pôs a tocar precisamente a Roleta Russa do Valete :)
Foi muito interessante o ponto que fizeram sobre o Plutónio mas, se me permites a provocação, até porque não estou dentro do meio e não quero desfazer os méritos da música do Plutónio, a ascensão dele não poderá ter sido ajudada pelo facto de alguns humoristas, em especial o Pedro Teixeira da Mota, serem fãs e acabarem por "promover" o Plutónio e a sua música? Foi merecido, isso que fique claro, mas acho irónico que acabou por ser alguém da tal classe média-alta/alta a popularizar o artista ou, pelo menos, a ajudá-lo a chegar a um público mais mainstream. De cabeça, recordo também a ascensão meteórica dos Wet Bed Gang com a sua Devia Ir. Acabaram por ser artistas queridinhos dos "betos", ou foi com essa impressão que fui ficando.
Um abraço e hei-de ler a segunda parte da entrevista!
Obrigado Rafaela :) É verdade, cresci em Almada numa mescla cultural de rap, rock, electrónica, brancos, afrodescendentes, pessoal sem dinheiro para os livros escolares e betos que faziam férias na neve. Ainda vivo por cá. Essa descrição leva-me para um episódio do final da minha adolescência, algures em 2001, quando andava numa Anselmo muito branca e conservadora, e à porta da escola alguém ouvia o Não Percebes do Sam The Kid, provavelmente por influência do Sol Música. Quando da massificação do hip-hop português, mais de uma década depois, lembrei-me várias vezes desse episódio.
Quanto ao Plutónio, em parte concordo contigo. O PTM é da mesma agência do Plutónio (Bridgetown) e até rebentou antes, mas também acho que se deveu a um tipo de rap mais racional, melódico e radiofónico. Devemos chamar-lhe algoritmificado? E sim, foi esse público que conquistou, embora esse seja o novo-normal - o efeito repete-se com todos, desde o Slow J ao Bispo, Ivandro, Dillaz, WBG, etc., porque verdadeiramente essa é a "pop portuguesa" do século digital, tal como as Tinocos e Deslandes.
Espero que gostes da segunda parte. É mais política.